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Ali, naquele momento, a verdade enchia a sala. Uma verdade muito para lá das espectativas. Lágrimas escorriam sinuosas até à rua e, independentes do calor tórrido do dia, continuavam brilhando pelas pedras da calçada.
Lágrimas próximas. Próximas da vida real, e conscientes do ser que ali se perdia.
Só uma lágrima veio de longe. Longe. Longe.
Apressada, em transe, atravessou bosques e vilarejos, esperando encontrar companhia. Mas ninguém se lhe juntou, para completar consigo a viagem.
Ninguém, por que, para lá de um muro invisível, mas palpável, havia apenas um sussurro, repetido, tácito e monocórdico. “Desculpa. Não posso ir.”
A inércia dos corpos espelhava a irrelevância, a insignificância, dos sentimentos.
Um “no sense” surpreendente.
Um vazio inesquecível!
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Criei este texto com a intenção de o colocar no Facebook, para que aqueles que faltaram ao cerimonial fúnebre sentissem o quanto magoaram os familiares presentes, faltando.
As desculpas com a lonjura, com o calor, com o raio que os parta, não legitimam a ausência. Não são sequer desculpáveis. São provas do pouco que apreciavam o familiar falecido. Isso magoa, fundo.
E porque os acho verdadeiramente rudes e burros, deduzi que nunca entenderiam as palavras que escrevi.
(Se calhar nem leriam. Faltar-lhes-ia a "cenoura" da imagem bacoca…)
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