Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Acabei de ler o livro “O Gémeo Solitário”, de Peter Bourquin e Carmen Cortés. Tive que o comprar através da Amazon, porque não foi editado em Portugal.
É um livro onde recolhi informação que me esclareceu quanto aos condicionamentos presentes no gémeo sobrevivente, esteja ele consciente, ou não, da perda do seu gémeo.
Finda a leitura, penso que os autores se alongaram demasiado e se repetiram bastante, pelo que o livro poderia ser muito mais curto, sem se perder nada da mensagem.
Por outro lado, ao atribuir ao feto consciência da presença do irmão, e sentimentos de perda com a morte do mesmo, até quando ela ocorre ainda durante o primeiro trimestre de gestação, é impossível não considerar haver ali uma clara opção (política ou não) pela vida, pelos movimentos pró-vida, contra a interrupção voluntária da gravidez. (Embora nunca se lhes faça qualquer alusão.) Fiquei com algum desconforto, já que eu sou a favor da possibilidade de a mulher desistir de uma gravidez que não a deixa feliz, ou interfere com a sua saúde. O parto é uma brutalidade para a qual só nos devemos dirigir convictas e plenas. Tudo evolui, menos a violência da expulsão de uma criança do útero. É ainda um ato de natureza animal. Optar pelo aborto não é uma decisão leviana. É difícil. Às vezes morre-se. Há que respeitar quem decide abortar. Haverá razões.
Retomando o tema “Gemeo Solitário”, no meu caso, na hora do meu nascimento, apareceu também um feto morto do tamanho de um punho fechado, pelo que eu estive sempre acompanhada daquele irmão, que a certa altura deixou de se desenvolver e morreu. O chamado feto mumificado (fetus papyraceus).
É minha opinião, que ter a demorada companhia de um ser morto, não pode dar saúde a ninguém. Não estranho as maleitas que tenho.
Muitas das características referidas no livro assentam-me como uma luva.
Uma delas, incompreensível para os demais, é a aceitação pacífica da morte. Como se ela fosse o objetivo primordial da vida. Como se nascêssemos para morrer, e só na morte houvesse alívio.
A morte só me preocupa pelo sofrimento que quase sempre a antecede.
Passo a enumerar:
Depois de ler este livro, compreendo melhor quem sou.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.