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Gerir espetativas dos idosos, já com demência instalada, fazendo crivo para separar o real do imaginário, gera uma ansiedade assinalável. Hoje escrevi à enfermeira que cuida da minha mãe:
"Boa tarde, Enfermeira ****.
Depois que me telefonou a dizer que a COVID da minha mãe tinha terminado e que ela mal deu pela infeção, falei com ela. Queixou-se de que ainda está muito constipada, rouca, e enfraquecida.
A seguir falou de umas calças que vieram a colocar fecho novo e eu lhe enviei pelo correio. Disse-me que ainda bem que ficou bem colocado, porque as calças são novas. Ainda nunca foram lavadas. Ora se vieram para colocar fecho, por o outro se ter estragado, não são novas, nem perto disso.
Posto isto, existe um assunto que vem à baila constantemente: a qualidade da comida. Eu não sei o que pensar, nem o que lhe responder. Tornou-se ideia fixa?
Ela sempre foi esquisitíssima com a comida. Sei as dificuldades que colocava ao meu pai e a mim. Mas a insistência dela é tal, que não posso deixar completamente de parte que a comida servida no lar tenha piorado de qualidade. Não está ao meu alcance fazer nada quanto a isso, mas ela chega a dizer que, por causa da comida, acabará por ter que se vir embora daí, o que me preocupa bastante.
Hoje disse que comeu sopa de feijão e mais nada. Que a sopa estava boa, mas lhe fez dor de estômago. O segundo prato era polvo e ela além de não gostar, não consegue mastigar aquilo. A fruta eram nêsperas, que lhe têm dado diarreia e não as pôde comer.
Entrei no vosso site para ver a ementa. Não vi lá polvo nenhum. Hoje era sopa de legumes e perú com esparguete. A diferença é muito grande.
Preocupo-me? Não me preocupo? Preocupo-me com a qualidade da comida, ou com o aumento da demência? Sei lá eu.
Haverá alguma coisa que eu possa fazer para sossegar o espírito dela?"
Na semana passada a COVID-19 entrou cá em casa. Alguma vez tinha que ser. Já levávamos dois anos e dois meses a fazer-lhe chiquelinas.
O meu marido acusou positivo no autoteste no dia 11/5/2022 e, como nos mandam, eu fui ligar para a SAÚDE 24. Foi uma tremenda seca. Horas gastas a ouvir aquela música marcial, que até é boa, mas ninguém que esteja doente quererá ouvir. Não consegui ser atendida. Valeu-me o nosso Médico de Família.
Agora, consequência lógica, fui eu a dar positivo. E hoje, ao ligar para a SAÚDE 24 deparei-me como uma opção nova que, ao confirmarmos que temos autoteste positivo e não estamos com sintomas graves, nos direciona logo para uma área de prescrição automática do teste confirmatório.
Ainda estava ao telefone, recebi uma mensagem com instruções detalhadas. Eram 14.20h. A prescrição chegou às 15.38h. Até enviaram lista de laboratórios possíveis.
Estou encantada.
Uma amiga minha falava na necessidade que sentia de ter um blog onde pudesse colocar os textos que escreve. Diz perceber pouco de Internet e eu, que não andava a colocar nada neste blog, resolvi esvaziá-lo e oferecer-lho.
Todo o meu tempo perdi.
Meses passados sem que ela se desse sequer ao incómodo de, pelo menos, entrar, eu zanguei-me, alterei as passwords do blog e da caixa de correio e estou de volta.
Há pessoas a quem não vale a pena dar uma colherinha de chá.
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