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O homem andava com saudades de sardinhas fritas com arroz de tomate. Ontem saiu para ir à farmácia e voltou com as ditas. Não. Não as comprou na farmácia. Eh! Eh!
Hoje fez o almoço. Que eu comi, comi. Mas não gostei.
Não percebo o encanto das pessoas com as sardinhas, nem mesmo as assadas. A pessoa perde-se no meio daquelas espinhas todas. Quanto mais não vale um belo de um carapauzito.
Fiquei a pensar nos turistas e nas muitas vezes que os vejo a comer sardinhas. Gostarão? Ou é apenas o experimentar de um prato típico, e nunca mais pedem aquilo?
Para mim, a forma ideal de as consumir é de lata, com molho de tomate. E ainda assim, só de longe a longe.
Hoje é o meu sétimo dia de isolamento. Amanhã já posso sair para caminhar. Se for capaz.
Há muitos sortudos que passam pela COVID-19, sem que ela passe por eles. Não têm sintomas. Eu tive uma gripalhada valente e perdi paladar e olfato. Resta-me um entupimento das vias aéreas superiores, e falta de força (física e anímica). Mal começo uma tarefa qualquer, fico num desespero de falta de paciência. Até me dá enjoo.
Para acrescentar mais um pontinho ao aborrecimento, o meu marido (com COVID também e a sua versão de gripalhada), neste período perdeu dois quilos e tal. Já eu engordei cem gramas. É pouco, eu sei, mas eu é que precisava de perder os tais dois quilos. Organismos diferentes. Resultados diferentes.
Analisando o que foi a COVID nos meus familiares, cheguei à conclusão de que a infeção ataca aquilo que são os nossos pontos fracos, sendo por isso diferente em cada pessoa.
Já sem aquela esperança de que as vacinas nos evitassem contrair o vírus, e ainda que esteja consciente de que elas evitam que fiquemos gravemente doentes, a hipótese muito palpável de que haja repetições, desestabiliza-me. Há ainda um caminho muito longo a fazer. A normalidade é ainda impossível.
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E com a guerra na Ucrânia, e as novas doenças virais que já por aí andam (varíola dos macacos e hepatite infantil), suspeito que quando voltarmos à normalidade, já não a reconheceremos. Como a água do rio, nem a normalidade, nem nós, seremos já os mesmos.
Hoje em dia, tempo livre é coisa que não me falta. Falta-me é já a paciência para muita coisa.
Acabei de ler há minutos o jornal do INATEL – Tempo Livre –. Fica-me sempre aquele triste sentir de que o jornal não foi escrito para pessoas como eu, mas sim para uma elite muito fina e muito culta, que, claramente, vive num mundo diferente. Uma minoria no universo dos sócios.
Eu gostaria que o “tempo Livre” fosse capaz de me distrair naqueles momentos em que o manuseio, e até que me desse vontade de recortar uns artigos, para os guardar. Não acontece.
Mas que deveriam publicar para chegar a mim e a todos aqueles que me são iguais, ou ainda mais humildes, culturalmente falando? Quem põe defeitos, deve apresentar algumas opções.
Poderia apresentar alguns artigos de opinião, sobre temas atuais. Estimular a síntese dos dados apreendidos de várias fontes. Abrir mentes.
Poderia continuar a sugerir espetáculos, filmes e livros, dando ênfase ao que se passa no Teatro do Inatel, mas de forma mais abrangente, para chegar a faixas mais extensas de leitores.
Poderia apostar mais nos conteúdos de fruição imediata, de que são exemplo as suas palavras cruzadas e a sua crónica de Mário Zambujal. Mais páginas de jogos. Mais crónicas. Mais desafios à criatividade de quem lê.
Costumo ir de página em página lendo “As Gordas” sem me deter, até chegar à crónica de Mário Zambujal, a que não resisto, mas de que saio amiúde com uma careta. É óbvio que aquele paradigma já está esgotado e que o próprio Zambujal ficaria agradecido se o deixassem escrever algo diferente, algo que conseguisse motivá-lo. Há tantas formas de fazer humor… e precisamos tanto dele.
Entendo que a filosofia do jornal incluirá o pressuposto de que tem que ser isento de tendências, sejam políticas, éticas ou outras. Mas uma excessiva imparcialidade acarreta sempre o risco de se navegar em terrenos de completa improficuidade.
Ler o “Tempo Livre” sabe a pouco!
Gerir espetativas dos idosos, já com demência instalada, fazendo crivo para separar o real do imaginário, gera uma ansiedade assinalável. Hoje escrevi à enfermeira que cuida da minha mãe:
"Boa tarde, Enfermeira ****.
Depois que me telefonou a dizer que a COVID da minha mãe tinha terminado e que ela mal deu pela infeção, falei com ela. Queixou-se de que ainda está muito constipada, rouca, e enfraquecida.
A seguir falou de umas calças que vieram a colocar fecho novo e eu lhe enviei pelo correio. Disse-me que ainda bem que ficou bem colocado, porque as calças são novas. Ainda nunca foram lavadas. Ora se vieram para colocar fecho, por o outro se ter estragado, não são novas, nem perto disso.
Posto isto, existe um assunto que vem à baila constantemente: a qualidade da comida. Eu não sei o que pensar, nem o que lhe responder. Tornou-se ideia fixa?
Ela sempre foi esquisitíssima com a comida. Sei as dificuldades que colocava ao meu pai e a mim. Mas a insistência dela é tal, que não posso deixar completamente de parte que a comida servida no lar tenha piorado de qualidade. Não está ao meu alcance fazer nada quanto a isso, mas ela chega a dizer que, por causa da comida, acabará por ter que se vir embora daí, o que me preocupa bastante.
Hoje disse que comeu sopa de feijão e mais nada. Que a sopa estava boa, mas lhe fez dor de estômago. O segundo prato era polvo e ela além de não gostar, não consegue mastigar aquilo. A fruta eram nêsperas, que lhe têm dado diarreia e não as pôde comer.
Entrei no vosso site para ver a ementa. Não vi lá polvo nenhum. Hoje era sopa de legumes e perú com esparguete. A diferença é muito grande.
Preocupo-me? Não me preocupo? Preocupo-me com a qualidade da comida, ou com o aumento da demência? Sei lá eu.
Haverá alguma coisa que eu possa fazer para sossegar o espírito dela?"
Na semana passada a COVID-19 entrou cá em casa. Alguma vez tinha que ser. Já levávamos dois anos e dois meses a fazer-lhe chiquelinas.
O meu marido acusou positivo no autoteste no dia 11/5/2022 e, como nos mandam, eu fui ligar para a SAÚDE 24. Foi uma tremenda seca. Horas gastas a ouvir aquela música marcial, que até é boa, mas ninguém que esteja doente quererá ouvir. Não consegui ser atendida. Valeu-me o nosso Médico de Família.
Agora, consequência lógica, fui eu a dar positivo. E hoje, ao ligar para a SAÚDE 24 deparei-me como uma opção nova que, ao confirmarmos que temos autoteste positivo e não estamos com sintomas graves, nos direciona logo para uma área de prescrição automática do teste confirmatório.
Ainda estava ao telefone, recebi uma mensagem com instruções detalhadas. Eram 14.20h. A prescrição chegou às 15.38h. Até enviaram lista de laboratórios possíveis.
Estou encantada.
Uma amiga minha falava na necessidade que sentia de ter um blog onde pudesse colocar os textos que escreve. Diz perceber pouco de Internet e eu, que não andava a colocar nada neste blog, resolvi esvaziá-lo e oferecer-lho.
Todo o meu tempo perdi.
Meses passados sem que ela se desse sequer ao incómodo de, pelo menos, entrar, eu zanguei-me, alterei as passwords do blog e da caixa de correio e estou de volta.
Há pessoas a quem não vale a pena dar uma colherinha de chá.
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